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OSMAN LINS



Osman da Costa Lins nasceu a 05 de julho de 1924 em Vitória de Santo Antão, cidade de Pernambuco. Aos dezesseis dias de vida, perdeu a mãe, Maria da Paz de Mello Lins, em decorrência de complicações do parto.

Com freqüência, Osman Lins menciona, em entrevistas, desconhecer seu rosto, porque ela não deixou fotografia. Segundo ele, esse fato teria configurado seu trabalho de escritor que, metaforicamente, seria o de construir com a imaginação um rosto inexistente. A transfiguração poética dessa situação aparece em vários momentos de sua obra em que irrompe o motivo da fotografia.

A perda da mãe determinou seu convívio com parentes próximos que lhe deram afeto familiar: sua avó paterna, Joana Carolina; sua tia Laura casada com Antonio Figueiredo, comerciante, de quem o menino, maravilhado, ouvia narrações de suas viagens, até altas horas da noite. As estórias orais, inventadas pelo tio, despertaram nele o gosto de narrar.

Essa pequena comunidade afetiva de Osman Lins constituirá fonte para a criação de vários personagens de sua obra. O incentivo para escrever veio do professor José Aragão, seu tutor no, então, Ginásio da Vitória. Dele, o escritor herdou o sentido da disciplina e discernimento na ordenação imaginativa.

Ecos de sua ligação afetiva com o pai, Teófanes da Costa Lins, localizam-se em crônicas dedicadas ao dia do alfaiate, sua profissão, e em vários momentos de reflexão teórica, nos quais Osman Lins estabelece relações entre o trabalho do escritor e o do artesão.

Cursou o primário de 1932 a 1935, no Colégio Santo Antão. Ao terminar o ginásio, realizado no período 1936-1940 no Ginásio de Vitória, impõe-se para ele a necessidade de deixar a cidade natal que pouco podia lhe oferecer em termos de estudos. Muda-se para Recife, em 1941, quando consegue o primeiro emprego, como escriturário na secretaria do, então, Ginásio de Recife.

A essas alturas, já era habilitado em datilografia, curso que finalizou junto com o ginásio. Nesse mesmo ano, começam a surgir, nos suplementos da capital pernambucana, suas primeiras experiências no campo da ficção ( “Menino Mau” e “Fantasmas...”).

Em 1943, inicia-se um longo período em que suas preocupações literárias, pelo menos publicamente, são deixadas de lado, quando ingressa por concurso no Banco do Brasil. Segue o curso de Finanças da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife (1944-1946).

É do conhecimento de poucos que, concomitantemente aos estudos universitários, dedica-se à composição de um romance, que lhe consome mais dois anos.

Chega a terminá-lo, mas não o edita. Isso não significa o abandono da literatura. Ao contrário, foi uma espécie de rito de passagem, em que o escritor praticava o exercício da palavra, com apurado senso crítico.

No período 1947-1953, casa-se com Dona Maria do Carmo e torna-se pai de três filhas: Litânia, Letícia e Ângela. Seu cotidiano entre trabalho e família abriga também espaço para o exercício da literatura.

Escreve contos e os apresenta em concursos. Em 1950, obtém a terceira colocação no Concurso Jornal de Letras, com o conto “O Eco”. Outro, “A doação”, é agraciado com primeiro prêmio no Concurso Minas-Brasil.

O ano de 1951 é marcado por intensa atividade literária e cultural. Integra o corpo de redação da revista Memorandum, órgão da Associação Atlética do Banco do Brasil e torna-se colaborador regular no Suplemento Literário do Diário de Pernambuco, publicando contos.

Envolve-se, também, na direção e produção de programas radiofônicos culturais, na Rádio Jornal do Commercio, em Recife. Apresenta mais um livro de conto, “Os sós”, a concurso literário, obtendo o segundo prêmio no Concurso Livro de Contos Tentativa, em Atibaia, São Paulo.

Nesse período desabrocha-se o artesão da palavra, que verá também premiados e reconhecidos pela crítica seus dois primeiros livros colocados à disposição do grande público: O visitante, romance lançado em 1955 ( começou a escrevê-lo em 1952, recebeu o prêmio Fábio Prado, em São Paulo, em 1954, ocasião em que se desloca pela primeira vez para esta cidade e participa de encontro com escritores com as mesmas afinidades) e Os gestos, livro de contos, lançado em 1957, agraciado com o prêmio Monteiro Lobato em São Paulo.

Essas obras receberam também outros prêmios. Ainda em 1957, sua peça teatral O vale sem sol obtém Destaque Especial no Concurso Cia. Tônia-Celi-Autran. Um ano antes, inaugura a coluna “Carta do Recife” que logo passa a “Crônica do Recife”, enviando suas primeiras colaborações críticas para o jornal O Estado de São Paulo. Entre as atividades da década de 1950, incluem-se publicações de poesias em jornal (entre 1953 e 1959: “Instante”, “Lamentação Tranviária”, “A Corola”, “A Imagem”, “Sonetinho Ingênuo”, “Poema sobre a melhor maneira de amar”, “Serenata Recifense para Cacilda Becker”, “Soneto do Oferecimento” e “Soneto Arquitetônico”).

A partir da publicação de seus primeiros livros, a dedicação de Osman Lins a seu projeto literário intensifica-se e entrelaça-se com suas viagens ao Rio e a São Paulo, com seu estágio na França e com sua mudança para São Paulo.

Antes de ir para França, em 1961, como bolsista da Aliança Francesa, conclui o curso de Dramaturgia, em 1960, na Escola de Belas Artes da Universidade de Recife, tendo participado da primeira turma desse curso, do qual eram professores Joel Pontes e Hermilo Borba Filho, que viriam a se tornar seus interlocutores intelectuais, em especial, este último.

Na sua permanência de seis meses em Paris, onde cumpre um rígido programa cultural de visita a catedrais, a museus,e de viagens para outros países em função de seu projeto cultural, atua também como correspondente teatral crítico da França para o Jornal do Commercio.

Enquanto se encontra na capital parisiense, estréia, no Rio de Janeiro, sua peça Lisbela e o prisioneiro, que recebera o prêmio Concurso Cia. Tônia-Celi-Autran.

Ainda nesse ano, é publicado, também no Rio de Janeiro, O fiel e a pedra, premiado pela União Brasileira de Escritores. Como ocorreu com os livros publicados anteriormente, esse romance foi muito bem recebido pela crítica, sensibilizada pelo fato de o autor desbravar caminho próprio na tradição do romance regionalista do nordeste, afastando-se do recurso ao pitoresco, à cor local, ao folclore e à sensualidade e realizando-se no registro do romance ético e épico. Com O fiel e a pedra Osman Lins mostra-se capaz de rivalizar com os melhores escritores da geração anterior.

O ano de 1961 é um marco na biografia de Osman Lins, no sentido de que o solo de seu trabalho literário, intelectual e cultural que vinha sendo semeado e regado pacientemente e a duras penas dá frutos viçosos, não só pelo reconhecimento de suas qualidades, mas também por atingir público mais amplo.

A partir de então, o ficcionista não precisará mais se submeter a concursos, embora, como dramaturgo, Osman Lins venha a ser ainda agraciado com prêmios (em 1965, dois lhe são conferidos : Anchieta, da Comissão Estadual de Teatro, de São Paulo, pela peça Guerra do cansa-cavalo (que será publicada dois anos depois e que, em 1971, inaugurará o Teatro Municipal de Santo André); Narizinho, também , da Comissão Estadual de Teatro, pela peça infantil Capa Verde e o Natal.

Referindo-se a O fiel e a pedra, Osman Lins diz que este romance corresponde a uma “plataforma de chegada e de saída”, encerrando uma fase de sua ficção em termos tradicionais. Essa mesma expressão pode ser aplicada para o ano de 1961, a partir de uma visão global de sua biografia.

Além de fazer sua primeira viagem internacional, distanciando-se por um longo período de seu ambiente familiar, Osman Lins decide transferir-se para São Paulo, também, em função de seu projeto literário.

Nesse sentido, o escritor de Vitória de Santo Antão dá um passo que facilitará a exteriorização de um processo que já vinha se desenvolvendo internamente, com grandes repercussões na sua vida familiar e na sua escrita literária.

Dois anos depois, concretiza-se a separação entre Osman Lins e Dona Maria do Carmo, motivando o retorno desta com as meninas para Recife. Dando continuidade às suas funções no Banco do Brasil, para poder sustentar-se e manter os compromissos de manutenção da ex-esposa e assegurar a educação das filhas, estas intensamente presentes no seu mundo afetivo até a morte, o autor não esmorece no obstinado trabalho com a palavra.

Lança Marinheiro de primeira viagem, inovador livro do gênero Literatura de viagem, sobre sua experiência em terras européias, elo entre sua fase tradicional e a sua nova poética literária. Publica contos nas revistas Cláudia, Senhor e Vogue, que antecipam futuros capítulos de romances. Sua peça, Idade dos homens, é encenada no Teatro Bela Vista de São Paulo.

Em 1964 casa-se com a escritora Julieta de Godoy Ladeira. Esse ano é marcado pela presença do teatro em sua vida intelectual e cultural. É publicada sua premiada peça Lisbela e o prisioneiro.

Osman Lins engaja-se na defesa da dramaturgia brasileira e da classe teatral, com artigos polêmicos na imprensa. Com isso, começa a crescer também como um intelectual participante das discussões culturais da época. Seu único poema disponibilizado para o leitor, na década de 1960, aparece no Jornal O Estado de São Paulo: “Ode”.

Dois anos depois, publica Nove, novena, conjunto de nove narrativas, com as quais consegue realizações literárias pessoais, iniciando outra fase de sua ficção, em que se incluem os romances, Avalovara (1973) e A rainha dos cárceres da Grécia (1976), num registro antiilusionista, ancorado numa construção estrutural rigorosa, em que se aliam precisão e fantasia, prosa e poesia, reflexão e estória.

As inovações poéticas desses livros atraíram o olhar da crítica que não percebeu ou não ressaltou sua dimensão política, já presente em Nove, novena, deixando, portanto, de acenar para um aspecto importante da obra de um escritor comprometido com seu tempo e sua realidade, sem fazer concessões à literatura engajada.

No ano da publicação de Nove,novena , é lançado em Recife seu livro de ensaios, Um mundo estagnado.

Em meio a esse período de produção ficcional, continua escrevendo crônicas e artigos. Em 1967,começa a publicar regularmente no jornal A Gazeta, de São Paulo.

Em 1969, lança Guerra sem testemunhas - O escritor, sua condição e a realidade social, coletânea de ensaios combatentes que condensa o pensamento de Osman Lins sobre as questões que envolvem o escritor, numa forma inusitada de ensaio.

Esta fase de preocupação com novas formas não se restringe à ficção, mas está relacionada a uma visão de mundo, que abarca, também, produção de ensaio. No caso, o escritor se desdobra em duas personagens e prevalece o discurso dialógico na discussão dos temas polêmicos propostos em Guerra sem testemunhas.

Depois de se aposentar do Banco do Brasil, assume em 1970 a cátedra de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia de Marília, em São Paulo. Nesse ano, começa a escrever o romance Avalovara.

Empenha-se na dedicação à docência, com aulas meticulosamente preparadas, mas sua experiência no ambiente universitário lhe é decepcionante, ao perceber que nem os docentes nem os alunos têm vínculos sólidos com a literatura, como seria de se esperar num curso de Letras.

Vivencia vários embates. Em seus artigos toca em pontos cruciais sobre o ensino de Literatura nas Faculdades de Letras, em geral, naquela época em que estavam na ordem do dia as teorias formalistas e estruturalistas.

Desiludido, afasta-se do ensino universitário, depois de mais ou menos seis anos de atuação.
Em 1973, defende tese de doutoramento na Universidade de São Paulo “Lima Barreto, e o espaço romanesco”, que será publicado em 1975. Mas o grande acontecimento deste ano foi o lançamento do romance Avalovara.
No meio de tantas atividades ao longo de sua fase da vida em São Paulo, fez várias viagens à Europa, para estabelecer contatos com editores, assinar contratos, lançar livros em vários países, tendo sido Nove, novena, o primeiro deles a atravessar o mar, com a tradução em francês, publicada em 1971.

Embora a ficção ocupe lugar privilegiado na sua vida como criador, o teatro não é abandonado por Osman Lins. Em 1974, “Mistério das figuras de barro”, peça em um ato, dirigida pelo autor, é encenada por seus alunos na Faculdade de Marília. No ano seguinte, é publicada uma coleção de três peças teatrais Santa, automóvel e soldado , na perspectiva de sua concepção de teatro ideal, em que é valorizado o texto e não a encenação. Mais uma proposta polêmica de Osman Lins.

Continuam as viagens ao exterior, para lançamento de livros e novos contratos. Em 1976, é publicado seu último romance, A rainha dos cárceres da Grécia.

No ano seguinte faz uma curta viagem ao Peru e à Bolívia, em companhia de Julieta. Dessa viagem, resulta um livro escrito a quatro mãos La Paz existe?

Mais uma experiência literária inovadora, desta vez com a cumplicidade da escritora Julieta de Godoy Ladeira, aliás, interlocutora, cuja colaboração Osman Lins reconhece com ênfase. No caso do romance Avalovara, chega a qualificá-la como co-autora, tantas foram as idéias trocadas entre eles.

No ano de 1977, vários outros trabalhos de Osman Lins vêm a público, cobrindo o campo da literatura, do teatro e do ensaio. São lançados o livro infantil , O diabo na noite de Natal ; o volume com variações em torno ao conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis, em colaboração com outros escritores.

É encenada a peça em um ato, Romance dos soldados de Herodes, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Todas essas atividades, no entanto, não o desviam da preparação para o seu próximo romance, Uma cabeça levada em triunfo. Começa a escrevê-lo. Mas desta vez, o obstinado Osman Lins não finaliza seu projeto. No início de 1978, surgem os primeiros sintomas da doença que o levará à morte no dia 8 de julho.

Em contrapartida, nesse mesmo ano é publicado seu derradeiro livro, Casos especiais de Osman Lins, composto por três novelas: “A Ilha no Espaço”, “Quem era Shirley Temple?” e” Marcha Fúnebre”, transmitidas pela T.V. Globo entre 1975 e 1977.

Esta coletânea fixa a imagem do escritor vivo: “aberto à experimentação, afeito aos vôos e riscos, avesso à repetição dos caminhos conhecidos”, até “ no que se poderia considerar seus instantes casuais”.

— Osman Lins



Lins, Osman da Costa (1924-1978).



Narrador, dramaturgo, ensayista, articulista y guionista de televisión brasileño, nacido en el estado de Pernambuco en 1924 y fallecido en São Paulo en 1978. A pesar de la brevedad de su obra de ficción -que progresa con deslumbrante fluidez por los senderos de la novela y el cuento-, ha dejado un brillante legado literario que, por su calidad artística y su solvencia intelectual, le configura como uno de los grandes narradores en lengua portuguesa de todos los tiempos.


Vida

Cuando apenas contaba medio mes de existencia, el fallecimiento de su madre delegó su crianza y educación en una serie de familiares pobres que, a pesar de sus limitados recursos económicos y su escasa o nula formación cultural, supieron darle un auténtico afecto hogareño y, de forma tan involuntaria como afortunada, orientar decisivamente su formación hacia el cultivo de la creación literaria. Con todo, la falta de la figura materna constituyó un hecho fundamental no sólo en las vivencias personales del joven Osman, sino también en el posterior reflejo que éstas habrían de dejar en su producción narrativa. De hecho, el autor de Pernambuco manifestó en numerosas ocasiones a lo largo de su vida su dolor ante una circunstancia que, para él, comportaba una crueldad extrema: la desgracia de no haber podido conocer jamás el rostro de su madre, ya que ésta murió sin haber dejado al alcance de su hijo ningún retrato pictórico ni fotográfico. Años después, cuando esta carencia traumática había cristalizado -junto a otras circunstancias forjadoras de su vocación literaria- en su obra de ficción, Osman Lins llegó a plantear el oficio de escritor bajo la imagen metafórica de un ser desvalido y atormentado que, incesablemente, intenta reconstruir con la imaginación el rostro de lo que no existe. De ahí que, de forma mucho más patente en varias de sus obras, cobre singular importancia -tanto temática como estructural- el motivo de la fotografía, que casi siempre aparece ligado a la angustiosa necesidad de recordar (y, si fuera posible, eternizar en la memoria) el rostro de un ser querido que ya no puede estar con el resto de los personajes.

La ausencia, en fin, de los cuidados maternos fue en parte suplida por el cariño de su abuela Joana Carolina, de su tía Laura y, muy especialmente, del esposo de ésta, un alegre e imaginativo comerciante que, durante las prolongadas horas de insomnio del jovencísimo Osman, le entretenía con el relato oral -casi siempre, adornado de fantasiosas exageraciones- de los exóticos viajes que le obligaba a hacer su profesión. El gusto por la narración (que, con el paso del tiempo, habría de convertirse en una de las razones de su vida) lo adquirió el futuro escritor en estas relaciones de las aventuras maravillosas de su tío, al tiempo que fijaba en su memoria diversos aspectos de su hogar adoptivo que, años después, contribuirían poderosamente a perfilar los caracteres físicos y psicológicos de algunos de sus personajes de ficción. Mantuvo, durante este período de crianza a cargo de sus familiares, una discreta relación afectiva con su progenitor, sastre de profesión, del que después se acordó en sus crónicas periodísticas (como una centrada en la celebración del "Día del Sastre") y en ciertos trabajos ensayísticos en los que reflexionó, a propósito de este oficio, entre las relaciones que vinculan las figuras del escritor y el artesano.

La irrupción en la vida del pequeño Osman de un tutor escolar llamado José Aragão constituyó otro hecho decisivo en la orientación humanística que había comenzado a experimentar su formación intelectual y artística. Este maestro descubrió la precoz capacidad del niño para la escritura creativa, y, aunque le impuso ciertas pautas de disciplina tendentes a sujetar su desbocada fantasía (disciplina que, a la postre, el propio autor valoró como un elemento básico en su aprendizaje literario), le enseñó también a graduar y seleccionar entre los diversos registros de la realidad y la ficción, lo que después arrojó óptimos resultados en la ordenación imaginativa de la obra del escritor.

Ya en plena adolescencia, cuando la suma de estas enseñanzas le había permitido brillar en sus estudios secundarios e inclinarse definitivamente hacia el conocimiento y el cultivo de las Letras, Osman da Costa Lins decidió en 1941 abandonar el afectivo hogar que le seguía acogiendo en su pequeña ciudad natal para afincarse en la capital del estado de Pernambuco, en donde esperaba hallar mayores posibilidades para su desarrollo intelectual y profesional. Instalado, pues, en Recife a los diecisiete años de edad, comenzó a desempeñar diferentes oficios que le permitieron, primero, completar sus estudios, y posteriormente consagrarse en silencio a una paciente labor creativa que no habría de arrojar sus primeros frutos -pese a ciertos intentos fracasados de darse a conocer como escritor- hasta mediados de la década de los años cincuenta, cuando logró dar a la imprenta su primera narración extensa, titulada O visitante (El visitante, Río de Janeiro: José Olympio, 1955).

La espléndida acogida deparada por críticos y lectores a esta opera prima del narrador de Pernambuco propició la publicación, dos años después, de su primera colección de relatos, presentada bajo el epígrafe de Os gestos (Los gestos, Río de Janeiro, José Olympio, 1957). Estos dos espléndidos volúmenes narrativos bastaron para consagrar a Osman Lins como una de las voces más originales y prometedoras de la joven narrativa brasileña: a partir de entonces, el brillante escritor comenzó a viajar asiduamente para dar a conocer sus escritos y difundir sus ideas y reflexiones por los foros culturales de las principales ciudades del país (con especial predilección por los cenáculos literarios de Río de Janeiro y São Paulo), sin abandonar por ello su residencia habitual en Recife, donde concluyó una nueva entrega novelesca, titulada O fiel e a pedra (El fiel y la piedra, Río de Janeiro: José Olympio, 1961) y mantuvo su domicilio fijo hasta 1962, año en el que realizó un traslado definitivo a la ciudad de São Paulo, para permanecer allí hasta el resto de sus días. Viajó, también, por varios lugares de Hispanoamérica y diferentes países del continente europeo, y durante algún tiempo prolongó una fructífera estancia en suelo francés.

Ya afincado en São Paulo, a mediados de los años sesenta dio a los tórculos la que pronto sería reconocida por críticos, lectores y escritores como la novela brasileña más importante de la década. Se trata de Nove, novena (Nueve, novenario, São Paulo: Livraria Martins, 1966), una espléndida narración que, compuesta a su vez por nueve relatos menores, fue de inmediato traducida al francés y se convirtió en el primer libro de Lins que extendía su nombre y su fama literaria fuera de las fronteras brasileñas (donde ya era de sobra conocido no sólo por sus relatos y novelas, sino también por su condición de escritor polifacético, responsable de la autoría de libros de viajes, obras teatrales, artículos y crónicas periodísticos, ensayos teóricos sobre literatura y guiones para la pequeña pantalla).

La afortunada aparición de Nove, novena vino a marcar un punto de inflexión en la producción narrativa de Osman da Costa Lins, quien se apartaba con este título de la más pura tradición de la novela regionalista de los años treinta y de la estela decimonónica dejada en las Letras brasileñas por Joaquim Maria Machado de Assis (presentes, de una u otra forma, en sus obras anteriores), para adentrarse en un audaz proceso de innovación lingüística y estructural -aunque bien es verdad que no del todo temática- que determinó sus dos magníficas narraciones posteriores, publicadas bajo los títulos de Avalovara (São Paulo: Melhoramentos, 1973) y A rainha dos cárceres da Grécia (La reina de las cárceles de Grecia, São Paulo: Melhoramentos, 1973). Estas últimas entregas narrativas de Osman Lins, que fueron recibidas con grandes elogios en los principales cenáculos literarios de todo el mundo (en apenas siete años, Avalovara fue objeto de varias reimpresiones en Brasil, así como de sendas traducciones al francés [París: Les Lettres Nouvelles, 1975; a cargo de Maryvonne Lapuge]; al castellano [Barcelona: Barral Editores, 1975; a cargo de Cristina Peri Rossi]; al alemán [Frankfurt/Main: Surhkamp Verlang, 1976; a cargo de Marianne Jolowicz), y al inglés [New York: Alfred A Knopf, 1980; a cargo de Gregory Rabassa]), no merecieron, en cambio, la aprobación unánime de la crítica literaria brasileña, en parte desorientada por las radicales innovaciones introducidas por el audaz escritor de Pernambuco, que hizo suya una de las reivindicaciones más características del denominado "Modernismo brasileño": el derecho permanente a la investigación estética.

A los títulos citados conviene añadir la publicación, en el mismo año de la muerte de Osman Lins, del volumen ensayístico titulado Problemas inculturais brasileiros (São Paulo: Summus, 1978).[...]

— MCN Biografías





































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